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FESTAS E COMEMORAÇÕES NA AMÉRICA LATINA Extrait du Artelogie http://cral.in2p3.fr/artelogie/spip.php?article124 CHAMADA PARA ARTIGOS FESTAS E COMEMORAÇÕES NA AMÉRICA LATINA - Présentation - Appels à contributions des numéros antérieurs - Numéro 4 : Chamada de artigos - Date de mise en ligne : segunda-feira 7 de maio de 2012 Artelogie Copyright © Artelogie Page 1/4

FESTAS E COMEMORAÇÕES NA AMÉRICA LATINAcral.in2p3.fr/artelogie/IMG/article_PDF/article_a124.pdf · vivemos.Desta forma, o que motiva a organização do Dossiê "Festas e comemorações

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FESTAS E COMEMORAÇÕES NA AMÉRICA LATINA

Extrait du Artelogie

http://cral.in2p3.fr/artelogie/spip.php?article124

CHAMADA PARA ARTIGOS

FESTAS E COMEMORAÇÕES

NA AMÉRICA LATINA- Présentation - Appels à contributions des numéros antérieurs - Numéro 4 : Chamada de artigos -

Date de mise en ligne : segunda-feira 7 de maio de 2012

Artelogie

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FESTAS E COMEMORAÇÕES NA AMÉRICA LATINA

Bandeiras coloridas, fogos de artifício, melodias, cores, aromas, sabores interpelam nossas memórias e nosremetem a vivências e experiências: é tempo de festejar!(Cleusa Graebin)

Qual festa? Qual comemoração? Quais ritos e formas de comemorar? Diversas são as "entradas" para acomposição desse dossiê, uma vez que festas e comemorações são fenômenos sócio-culturais presentes emqualquer sociedade e ao estudá-los entramos em diálogo, também, com a materialidade e imaterialidade daexperiência humana, com a vida em movimento, com o conteúdo humano que de tempos em tempos écelebrado.Tratar de festas e comemorações é entrar em um fértil campo para análises sobre as sensações, asemoções, as crenças, os símbolos, ritos, vivências, experiências, costumes, sonhos, desilusões, esperanças,representações, memórias que, entre outros, nos remetem para sensibilidades e sociabilidades.Longe de pensar asfestas como tradição ou folclore, congelados em um tempo passado e reproduzidas em um tempo presente,postula-se a historicidade das mesmas (das emoções, sentidos e sentimentos recorrentes), já que a cada edição,mesmo que controladas pelo Estado (calendários cívicos ou turísticos) e pela Igreja (calendário litúrgico), sãocaptadas pelos indivíduos, grupos e até pela sociedade, que faz uso do seu sentido de construção, elaboração daidentidade e solidariedade entre os diferentes, a ponto de fazer delas, um modo de ação e participaçãoparticularmente marcante na sua história. Nas festas, lembranças afloram, comunicam-se em gestos,comportamentos, cores, sabores, odores, sons, vestuário e maneiras de falar. Nesse sentido, as festas podem serentendidas como um refazer constante e coletivo da memória, na medida em que comunidades e grupos recolocamno presente, alguns acontecimentos que a compõem. As festas têm valor político, pois conservam os traços dosimbolismo presente na memória, assinalando a transmissão de bens simbólicos (função pedagógica e unificadora),rupturas de costumes, como forma de resistência e a criação constante de outras formas de dominação, produzindooutros significados e expressões. As festas asseguram a concretização de um contexto que autoriza contato realcom códigos e crenças balizadoras da chamada "cultura" de um povo e, em alguns casos, vem a legitimar a

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cosmovisão constitutiva de um ethos que expressa condições de mobilização, denúncia ou construção. A partir dasfestas há uma apropriação de espaço e de tempo (profano e sagrado), uma vez que os lugares onde se realizamsão tornados públicos, por meio da celebração da memória e do rito que tornam solene a passagem do tempo. Oespaço da festa é, também, um espaço plural, permitindo a emergência de múltiplos mecanismos promotores desociabilidade, bem como evidencia uma prática agregadora de valores que são exaltados sob o signo identitário dosparticipantes, que comungam os mesmos interesses e expectativas. As festas também podem ser entendidas comolinguagens capazes de expressar simultaneamente múltiplos planos simbólicos. Indivíduos, grupos e instituições secomunicam por meio das mesmas: ocorre interação grupal ou comunitária; a partir de mediações midiáticas,interagem grupos, comunidade e coletividade; articulam-se relações institucionais, no momento em que se decide oque celebrar e com quais parceiros. Ao compreenderem-se as comemorações e as festas das mais variadassociedades e grupos sociais como narrativas, compõem-se, a partir daí, verdadeiros conjuntos de sensibilidades quecaptam as razões e sentimentos de uma temporalidade já escoada, fazendo presente a alteridade do passado, comsua diferença de códigos e valores. As sensibilidades mais finas, as emoções e os sentimentos, devem serexpressos e materializados em alguma forma de registro passível de ser resgatado pelo historiador, segundoPesavento (2007). Nesse sentido, festas e comemorações tornam-se "marcas de historicidade", passíveis deinterpretação por parte do historiador. Ou seja, dá-se a ver a historicidade das mesmas, também, em seus aspectos(ou mesmo a partir deles) imateriais.As festas e comemorações podem ser trabalhadas, assim, em seus múltiplosaspectos e em suas muitas funções, tanto em espaços urbanos, como rurais, públicos ou privados. E, também,podem surgir em espaços virtuais (redes sociais) vindo a concretizar-se no espaço público de uma cidade, como porexemplo, nos fenômenos flashmobs, que cada vez ganham mais adeptos nessa era de cybercultura em quevivemos.Desta forma, o que motiva a organização do Dossiê "Festas e comemorações na América Latina" é oentendimento de que, embora tenhamos distintas realidades espaciais, temporais e territoriais e que na trama derelações sejamos perpassados por práticas, tensões e até mesmo conflitos, as festas e comemorações são comocomunicações transversais a permitir entrecruzamentos entre histórias, imaginários, memórias, sensibilidades,sociabilidades, trajetórias e formas de ação sociais e culturais.A proposta deste dossiê é cartografar pesquisassobre festas e comemorações na América Latina, reunindo artigos inéditos que contribuam para aprofundarconhecimentos sobre esses fenômenos sócio-culturais que estão presentes em qualquer sociedade e que, comoobjetos de estudo têm relevância em diferentes campos do saber.Interessa-nos dar visibilidade a investigações queabordem, entre outros:

1. Olhares sobre festas e comemorações: da literatura, das artes plásticas, da historiografia, da mídia.2. Funções das festas e comemorações: sociais, simbólicas e políticas.3. Festas, comemorações: sons, cores, sabores e temperos.4. Festas e comemorações: registro em documentos, imagens e fragmentos do cotidiano.5. Festas, comemorações, sensibilidades e sociabilidades.6. Festas, comemorações e etnicidades.7. Festas, comemorações e religiosidades.8. Festas de famílias.9. Festas e comemorações nacionais e transnacionais.10. Festas, comemorações e movimentos sociais.11. Festas, comemorações e cybercultura: os flashmobs.

Esperamos contar com as colaborações de pesquisadores dessa temática para a Revista Artelogie, número 4,dezembro de 2012 (http://www.artelogie.fr/).Referências:

COLUCCIO, Felix. Fiestas y costumbres de Latinoamerica. Buenos Aires: Ediciones Corregidor, 2002.

DA MATTA, R. Carnavais, malandros e heróis. Rio de Janeiro: Graal, 1980.

DEL PRIORE, M. Festas e utopias no Brasil colonial. São Paulo: Brasiliense, 1994.

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DURKHEIM, E. As formas elementares da vida religiosa. São Paulo: Martins Fontes, 2000.

DUVIGNAND, J. Fêtes et civilizations. Paris: Weber, 1973.

ISAMBERT, F. Le sens du sacré. Paris: Minuit, 1982.

ITANI, Alice. Festas e calendários. São Paulo: UNESP, 2003.

JANCSÓ, István; KANTOR, Iris (orgs.). Festa: Cultura e Sociabilidade na América Portuguesa (vols. I e II). SãoPaulo: Edusp, 2001.

LA FÊTE em Amérique Latine: 7º colloque international du CRICCAL. Cahiers du CRICCAL Paris: PressesSorbonne Nouvelle, 2002.

MALLARINO, Olga Pizano ET. AL (orgs.). La fiesta, la outra cara del patrimônio. Valoración de su impactoeconômico, cultural y social. Bogotá: Convenio Andrés Bello, 2004

MORAES FILHO, M. Festas e tradições populares no Brasil. Belo Horizonte: Itatiaia, 1999.

PESAVENTO, Sandra (org). Sensibilidades na História: memórias singulares e identidades sociais. Porto Alegre: Edda UFRGS, 2007. THOMPSON, E. P. Costumes em comum. Estudos sobre a cultura popular tradicional. São Paulo:Companhia das Letras, 1998.

As organizadoras: Dra. Cleusa Maria Graebin (Coordenadora do PPG em Memória Social e Bens Culturais -UNILASALLE/Canoas-RS/Brasil)http://lattes.cnpq.br/2857024048442237

Dra. Nádia Maria Weber Santos (Professora do PPG em Memória Social e Bens Culturais -UNILASALLE/Canoas-RS/Brasil/ Coordenadora do GT de História Cultural - ANPUH/RS)http://lattes.cnpq.br/3929583037339642

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